Andragogia na prática: Como os treinamentos mão na massa potencializam a aprendizagem adulta

7/9/20253 min read

Vou iniciar uma série de textos aqui no blog para falar sobre as 12 teorias de ensino-aprendizagem que são fundamentais para a metodologia Strategic Bricks, uma abordagem totalmente mão na massa, na qual me certifiquei recentemente.

Para começar, hoje trago um texto sobre a andragogia, que é, sem dúvida, o pilar mais importante quando o aprendizado é voltado para adultos. Toda quarta-feira, você encontrará aqui no blog uma teoria dessa metodologia. Acompanhe!

O que é andragogia e por que ela importa na aprendizagem de adultos

Por muito tempo, os treinamentos corporativos seguiram o modelo tradicional das salas de aula: apresentações longas, baixa interação e pouco espaço para participação ativa. Mas quando se trata de aprendizagem de adultos, esse formato nem sempre entrega o resultado esperado. É aqui que a andragogia — a arte e ciência de ensinar adultos — se conecta perfeitamente com os treinamentos mão na massa, promovendo experiências mais significativas, engajadoras e eficazes.

O termo andragogia foi popularizado por Malcolm Knowles, educador norte-americano que desenvolveu um conjunto de princípios voltados à forma como adultos aprendem. Segundo Knowles (1984), adultos aprendem melhor quando:

  1. Sabem por que precisam aprender algo;

  2. Têm autonomia no processo de aprendizagem;

  3. Trazem experiências prévias como base;

  4. Aprendem melhor em situações reais e problemas concretos;

  5. Estão motivados por fatores internos (como crescimento pessoal e profissional).

“Os adultos aprendem melhor quando o conteúdo está ligado à sua realidade e quando são envolvidos em experiências práticas.” (KNOWLES, 1984)

No Brasil, uma referência forte e mundialmente conhecida, que embora não tenha utilizado o termo "andragogia" diretamente, é Paulo Freire. Ele é amplamente reconhecido como o pensador brasileiro que mais influenciou as práticas e filosofias voltadas à educação de adultos. Seus princípios dialogam profundamente com os fundamentos da andragogia, destacando:

  • A educação como prática da liberdade;

  • O aprendiz como sujeito ativo do processo;

  • O valor da experiência e da realidade concreta do educando;

  • O diálogo como caminho para o conhecimento.

“Ninguém ensina ninguém, todos aprendem em comunhão, mediados pelo mundo.”
— Paulo Freire, Pedagogia do Oprimido

Como os treinamentos mão na massa colocam a andragogia em prática

Os treinamentos mão na massa não são apenas mais dinâmicos ou divertidos — eles aplicam, na prática, os princípios da andragogia. Ao utilizar metodologias ativas, como learning by doing, dinâmicas em grupo, estudos de caso, resolução de problemas reais, oficinas e simulações, esses treinamentos colocam o participante no centro do processo de aprendizagem.

Essa abordagem favorece o desenvolvimento de competências essenciais no ambiente corporativo, como:

  • Tomada de decisão;

  • Comunicação eficaz;

  • Colaboração entre pares;

  • Proatividade e reflexão.

Princípios da andragogia aplicados ao mundo corporativo

O ambiente corporativo exige agilidade, foco e conexão com a realidade. Os cinco princípios de Knowles ganham vida nos treinamentos que envolvem o adulto com desafios concretos, permitindo que ele:

  • Aplique o que já sabe;

  • Questione, experimente e reflita;

  • Aprenda de forma contextualizada e útil.

Metodologias ativas e aprendizagem experiencial: o papel da ação no aprendizado

Segundo o professor David Kolb (1984), o aprendizado é mais duradouro quando envolve experiência, reflexão, conceituação e aplicação prática (tem um texto aqui no blog que com mais detalhes sobre esse tipo de aprendizagem). Essa teoria dialoga diretamente com a proposta dos treinamentos mão na massa, que convidam o adulto a aprender fazendo, errando, corrigindo e evoluindo.

Para Kolb (1984) “A aprendizagem é mais efetiva quando envolve ciclos de experiência, reflexão, conceituação e experimentação.”

Exemplos de empresas que aplicam essa dupla com sucesso

Empresas como Ambev, Natura e Google vêm usando metodologias mão na massa com base nos princípios da andragogia. Elas promovem:

  • Workshops colaborativos,

  • Sprints de inovação,

  • Projetos de resolução de problemas reais durante treinamentos.

Essas estratégias não apenas melhoram o desempenho, mas engajam os profissionais com propósito e senso de pertencimento.

É inegável que a teoria e a prática caminham juntas na aprendizagem de adultos! E é exatamente isso que a andragogia sustenta de forma teórica.

A andragogia fornece a base teórica e o entendimento de como o adulto aprende. Os treinamentos mão na massa trazem a vivência concreta dessa teoria, criando experiências memoráveis.

Se quiser se aprofundar ainda mais no tema, não deixe de conferir o Saiba mais.

Nos encontramos na próxima quarta-feira com mais um texto sobre um dos pilares da metodologia Strategic Bricks. Até lá!

Saiba mais em:

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 50. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2011.

KNOWLES, Malcolm S. The adult learner: a neglected species. 3. ed. Houston: Gulf Publishing, 1984.

KOLB, David A. Experiential learning: Experience as the source of learning and development. Englewood Cliffs, NJ: Prentice Hall, 1984.

MIZUKAMI, Maria da Graça Nicoletti. Ensino: as abordagens do processo. São Paulo: EPU, 1986.

MORAN, José Manuel. Novas tecnologias e mediação pedagógica. Campinas: Papirus, 2000.