As ideias devem brigar. As pessoas, não.
4/23/20252 min read


As ideias devem brigar. As pessoas, não. Essa frase, simples e poderosa, resume um dos princípios mais importantes para qualquer equipe que deseja crescer de forma saudável: a valorização da diversidade de ideias com respeito às pessoas.
Em tempos de polarizações e ruídos constantes na comunicação, muitos têm medo do conflito. Mas, o conflito de ideias é, na verdade, um sinal de riqueza intelectual e maturidade profissional. Quando bem conduzido, ele é a força que move a inovação, revela pontos cegos e fortalece decisões.
A diversidade de pensamentos, experiências e visões é uma vantagem competitiva dentro das organizações. Contudo, para que isso funcione, é preciso um ambiente onde as pessoas se sintam seguras para discordar, propor, sugerir e até errar — sem medo de serem rotuladas ou desrespeitadas.
Respeito é o outro nome do profissionalismo.
Saber separar o que uma pessoa pensa de quem ela é exige empatia, inteligência emocional e escuta ativa. É possível debater com firmeza e paixão sem desqualificar o outro. É possível defender uma ideia sem se fechar à escuta do que pode ser melhor. E é essencial perceber que respeito não é silêncio, mas sim a base para que o diálogo aconteça de forma produtiva.
Nas organizações, esse respeito deve ser ainda mais cultivado quando falamos de convivência entre diferentes gerações. Tradicionalistas, Baby boomers, geração X, millennials e Gen Z têm histórias, formas de ver o mundo e prioridades diferentes — e tudo isso pode (e deve) ser fonte de crescimento mútuo.
A chave está em relembrar o que nos une.
O que deve unir as gerações em uma empresa é mais forte do que aquilo que as separa: é o propósito do negócio, é a missão comum, é o impacto que todos desejam gerar.
Cada geração traz uma lente. E o sucesso de um time multigeracional está justamente na capacidade de encaixar essas lentes para ampliar a visão de futuro. A experiência de uns somada à ousadia de outros. A paciência com o processo aliada à agilidade da inovação.
Esse entendimento é respaldado por dados. Um relatório da Harvard Business Review Analytic Services, em parceria com a AARP, revelou que 83% dos líderes empresariais reconhecem o valor de equipes multigeracionais para o crescimento dos negócios. Já a Deloitte, no relatório Global Human Capital Trends, destaca que empresas com uma gestão consciente da diversidade geracional são mais inovadoras, adaptáveis e resilientes, justamente porque conseguem conciliar diferentes habilidades, visões e formas de trabalhar.
Quando as ideias podem “brigar”, crescer e se moldar umas pelas outras, sem que as pessoas se ataquem ou se isolem, o que nasce é uma cultura de colaboração verdadeira, com espaço para o erro, para o diálogo e para o desenvolvimento humano e profissional.
E essa cultura não é apenas desejável: é estratégica. Saber ouvir com empatia nos permite ter uma escuta qualificada do que o outro diz. E, claro, nada disso é possível se essa fala não for garantida.
Existe uma expressão famosa, muitas vezes atribuída a Voltaire, mas na verdade escrita por Evelyn Beatrice Hall, biógrafa que escreveu The Friends of Voltaire (1906): "Não concordo com uma palavra do que dizes, mas defenderei até a morte o direito de dizê-la."
Essa frase expressa bem o quanto é fundamental que a "fala" seja garantida — em todos os espaços.
Mas isso... é conversa para outro texto, não é?