Construtivismo e aprendizagem ativa nas organizações

7/23/20252 min read

Este é o terceiro texto da série "Fundamentos da Strategic Bricks", a metodologia inovadora da Escola de Inspirações, na qual recentemente fui certificada. Depois de mergulharmos na Andragogia, refletirmos sobre a Antroposofia e explorarmos os caminhos da Aprendizagem Multissensorial, hoje vamos falar sobre um dos pilares mais sólidos da aprendizagem ativa: o Construtivismo.

Baseada nas contribuições de Jean Piaget e Lev Vygotsky, a abordagem construtivista reconhece que o conhecimento não é algo transmitido pronto, mas construído ativamente pelo sujeito a partir da sua interação com o meio.

Segundo Piaget (1975), a aprendizagem ocorre quando o indivíduo é desafiado a sair do seu estado de equilíbrio, entrando em um processo de desequilíbrio cognitivo, o que o impulsiona a reorganizar suas estruturas mentais para compreender o novo. Já Vygotsky (1991) complementa a teoria com o conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP), ressaltando o papel fundamental da interação social na construção do conhecimento.

Os autores convergem para um ponto essencial: aprender é transformar-se, e isso só acontece quando o indivíduo é convidado a refletir, aplicar, adaptar e ressignificar experiências.

E nas empresas, como o Construtivismo ganha forma?

Em ambientes corporativos, essa perspectiva tem ganhado força justamente por seu potencial de transformar treinamentos em experiências significativas. Em vez de palestras unidirecionais ou conteúdos massivos e abstratos, o Construtivismo propõe atividades práticas, estudos de caso, simulações, jogos e projetos colaborativos — tudo isso alinhado à realidade e ao repertório dos colaboradores.

Empresas como a Natura, o Google e a 3M são referências no uso dessa abordagem. A Natura, por exemplo, investe em trilhas de aprendizagem personalizadas, onde o colaborador é protagonista do próprio desenvolvimento. Já o Google utiliza ambientes que favorecem a aprendizagem social e o pensamento crítico, por meio de comunidades internas de prática e projetos em equipe. A 3M estimula a experimentação e a autonomia, permitindo que seus colaboradores dediquem parte do tempo à inovação livre, com acompanhamento construtivo dos líderes.

A metodologia Strategic Bricks, ao integrar o Construtivismo com outras abordagens contemporâneas como a Neurociência e a Aprendizagem Baseada em Problemas (PBL), potencializa os resultados dos treinamentos corporativos ao colocar o colaborador no centro da experiência de aprendizagem.

Mais do que absorver conhecimento, a proposta é construí-lo, testá-lo, ajustá-lo e compartilhá-lo, de forma colaborativa e intencional.

Saiba mais em:

PIAGET, Jean. Equilibração das estruturas cognitivas: problema central do desenvolvimento. Rio de Janeiro: Zahar, 1975.

VYGOTSKY, Lev S. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. São Paulo: Martins Fontes, 1991.