Storytelling: A arte de envolver, engajar e prototipar soluções
8/6/20253 min read


Em um mundo cada vez mais acelerado, onde soluções precisam ser desenhadas e testadas com agilidade, a capacidade de contar boas histórias tornou-se uma ferramenta estratégica, especialmente em processos de aprendizagem ativa e construção colaborativa, como nos treinamentos mão na massa. Um dos instrumentos mais potentes nesse cenário é o storytelling, ou, em bom português, a arte de contar histórias. Pois bem, este é mais um texto da série: Fundamentos da metodologia Strategic Bricks.
Nos treinamentos que ministro, como no Sprint: construindo projetos em 5 dias, o storytelling ocupa um papel central, especialmente na etapa de criação dos storyboards e protótipos. Quando uma equipe precisa representar visualmente como o usuário irá interagir com um produto ou serviço, transformar essa experiência em uma narrativa clara e envolvente faz toda a diferença. O protótipo ganha vida. O usuário deixa de ser um dado estatístico e se torna o protagonista da solução. Mas o poder do storytelling não se limita a esse treinamento. Em outras temáticas, como oratória, planejamento estratégico, comunicação assertiva, entre outras, essa ferramenta também está presente, enriquecendo o processo e ampliando o impacto da aprendizagem.
O mito do herói: estrutura clássica do envolvimento humano
Um dos modelos mais utilizados para criar histórias envolventes é o Monomito, ou Jornada do Herói, descrito por Joseph Campbell em sua obra seminal O Herói de Mil Faces (1949). Campbell analisou mitos de diferentes culturas e encontrou uma estrutura comum: um herói que parte de seu mundo comum, enfrenta desafios, encontra mentores, supera provações e retorna transformado, trazendo um novo conhecimento ou poder para sua comunidade.
Essa estrutura é amplamente utilizada no cinema (como na saga Star Wars) e também em processos de aprendizagem. Ao aplicá-la nos treinamentos, conseguimos engajar os participantes não só intelectualmente, mas emocionalmente. Eles se veem na história. Se identificam com os desafios. Enxergam os obstáculos como parte da jornada de crescimento e inovação.
Storytelling na prática: do enredo à solução
Durante um Sprint, por exemplo, ao desenvolver um storyboard, os participantes constroem uma história que começa com um problema real do usuário (o chamado “mundo comum”) e caminha em direção à solução que será prototipada. A sequência visual representa a “jornada” do usuário, passando por telas, interações e sentimentos. É exatamente a aplicação prática da jornada do herói, mas adaptada para o universo da inovação.
Além disso, o storytelling ajuda a testar hipóteses. Quando o protótipo é apresentado para o usuário final, ele compreende melhor o fluxo e a proposta, pois se vê dentro de uma narrativa, não apenas diante de uma interface fria. É o que chamamos de prototipagem com empatia.
Mais que contar, viver a história
Incorporar storytelling nos treinamentos também amplia a capacidade de resolução de problemas complexos. Seja ao simular um atendimento difícil, redesenhar uma experiência de cliente ou criar um novo produto, é possível transformar desafios em histórias que geram conexão, clareza e engajamento.
O storytelling, portanto, não é um “plus”. É parte essencial da construção de sentido, algo que todo treinamento verdadeiramente transformador precisa ter e, claro, na metodologia Stratégic Bricks ele não poderia ficar de fora.
Na próxima semana, tem mais um conteúdo especial sobre um dos 12 fundamentos da metodologia Strategic Bricks.
Nos encontramos por lá! Até breve!
Saiba mais em:
CAMPBELL, Joseph. O herói de mil faces. São Paulo: Cultrix, 2007.
BROWN, Tim. Design Thinking: uma metodologia poderosa para decretar o fim das velhas ideias. Rio de Janeiro: Rocco, 2010.
KNAPP, Jake; ZERATSKY, John; KOWITZ, Braden. Sprint: o método usado no Google para testar e aplicar novas ideias em apenas cinco dias. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2016.